sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Nanotecnologia pode ajudar no combate ao câncer

Com partículas de magnetita ligadas a anticorpos, cientistas conseguem localizar tumores e queimá-los sem agredir células boas
Cecília Lopes - Da Secretaria de Comunicação da UnB


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A nanotecnologia pode ser uma grande aliada no combate ao câncer. O professor Andris Bakuzis, da Universidade Federal de Goiás, esteve na UnB para divulgar seu estudo, que serve tanto para localizar tumores quanto para exterminá-los.
A técnica, conhecida como hipertermia magnética, consiste em injetar no paciente nanopartículas de magnetita (cujo tamanho é de um milionésimo de milímetro) agregadas a anticorpos. Os anticorpos são naturalmente atraídos para a área onde o tumor se localiza, envolvendo-o como uma carapaça. As partículas de magnetita são mais fáceis de serem localizados por exames como a tomografia computadorizada ou ressonância magnética nuclear. As nanopartículas têm alto poder de contraste e facilitam a detecção dos tumores, inclusive das metástases.
O tratamento desse tumor também pode ser feito pelas nanopartículas de magnetita. Colocando um campo magnético alternado próximo ao paciente, as nanopartículas são aquecidas e queimam o tumor. (veja a ilustração).
Marcelo Jatobá e Ana Grilo/UnB Agência
“É um tratamento pouco invasivo. As nanopartículas são excelentes agentes de contraste e isso facilita descobrirmos o câncer no começo”, explicou o professor da UFG. O desafio da pesquisa agora é identificar a temperatura exata para matar o tumor sem danificar células normais. Dois métodos são estudados: a morte por apoptose ou por necrose. A temperatura em que a célula morre por apoptose vai até 43C°. A temperatura para que a célula morra por necrose varia entre 45 e 48 C°.
“Nós sabemos que uma célula cancerígena é muito mais sensível a uma variação de temperatura do que células normais. Portanto, pode-se matar células tumorais de forma bastante eficiente se um determinada faixa de temperatura for alcançada, explicou Bakuzis, durante palestra no auditório do Centro Internacional de Física da Matéria Condensada.
BENEFÍCIOS - A quimioterapia é o tratamento mais comum de combate ao câncer, mas a desvantagem é que ela ataca tanto as células boas quanto as doentes. “É claro que existe um jogo para que as células boas vençam a batalha, mas nem sempre isso dá certo”, alerta Bakuzis. Já as nanopartículas são capazes de melhorar o controle de liberação de medicamentos sem danificar outras células e tecidos, diminuindo os efeitos colaterais no paciente.
A ideia é que a hipertermia magnética seja usada pelo menos como uma aliada da quimioterapia e da radioterapia. “É uma técnica complementar que, além de detectar, trata a doença”, defende o professor.
Essa mesma técnica também está sendo estudada em laboratórios dos Estados Unidos, da China, da Espanha, da Alemanha, do Japão, da França e do Brasil. Os pesquisadores estão empenhados em colocar a hipertermia magnética em uso. Bakuzis lembra que o grego Hipócrates, considerado o pai da medicina, já argumentava que aumentar a temperatura curava enfermidades. “Ele dizia que doenças que não podem ser curadas com a febre deveriam ser consideradas incuráveis. Curiosamente, nos dias atuais existem cientistas tentando desenvolver novas técnicas de tratamento de câncer por meio do aumento da temperatura”, explica.

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